Os azulejos portugueses são hoje, muito mais do que simples revestimentos ou painéis decorativos, representam um enorme legado cultural e artístico com muitos anos de história. Desde os séculos XV e XVI, essas bonitas peças de cerâmica são parte integrante de edifícios, palácios, igrejas e estações de comboios, destacando-se como uma magnifica expressão de arte e cultura do património português.

 

A Origem e Evolução dos Azulejos Portugueses

Comecemos por referir a diferença entre azulejos e mosaicos. Os mosaicos são para revestir o chão, enquanto os azulejos têm propósitos mais decorativos de revestimento de paredes.

A palavra Azulejo tem origem árabe e deriva da palavra “al-zulaich” e que significa pedrinha polida.

A história dos azulejos começa na cultura egípcia e chegaram a Portugal em finais do no século XIV, influenciados pelo domínio mourisco na península ibérica e em particular no país. As primeiras obras de azulejaria começaram por exibir padrões geométricos, exibindo uma forte influência dos reinos do Norte de Africa.

No entanto, foi durante o reinado de D. Manuel I, portanto já no século XVI, que os azulejos começaram a ganhar destaque, sendo utilizados para decorar palácios e igrejas. Com o passar dos séculos, a técnica de azulejaria evoluiu, incorporando diferentes estilos e temas, desde padrões geométricos a cenas históricas e religiosas.

 

Técnica e Estilos Únicos

O processo de fabricação dos azulejos portugueses é uma arte centenária e muito meticulosa. A cerâmica é moldada e pintada à mão, antes de ser submetida a altas temperaturas nos fornos. Esta técnica do fogo, confere uma durabilidade excecional às peças, mantendo a sua beleza e as cores vibrantes ao longo dos séculos.

Os azulejos portugueses são reconhecidos por seus estilos distintos. O azulejo “mudéjar” ou azulejo hispano-mourisco, com influência árabe, apresenta padrões geométricos complexos e cores vibrantes. Enquanto isso, o "azulejo renascentista" retrata cenas históricas e mitológicas com riqueza de detalhes. No período barroco, os azulejos passaram a representar também temas religiosos, refletindo a devoção da época.

 

Igreja Valega Olvar

 

Alguns exemplos de monumentos muito visitados

O património de azulejos português é vastíssimo e está dissiminado por todo o território nacional, desde o Minho até ao Algarve. De seguida referimos alguns exemplos de monumentos muito apreciados pelos seus Azulejos:

Zona de Lisboa:

- Museu Nacional do Azulejo em Lisboa

- Palácio Nacional de Sintra

- Capela de São Roque em Lisboa

- Palácio dos Condes de Mesquitela em Carnide

- Palácio Nacional de Queluz em Queluz

- Quinta dos Azulejos no Lumiar

- Palácio do Marquês de Pombal em Oeiras

- Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa

 

Zona do Porto:

- Sé do Porto

- Biblioteca Municipal do Porto

- Igreja do Carmo no Porto

- Capela das Almas no Porto

- Estação de Comboios de São Bento no Porto

- Igreja de Santo Ildefonso no Porto

 

Igreja Matriz de Cortegaça

 

Zona de Aveiro:

- Estação de Comboios de Aveiro

- Igreja Matriz de Válega (Ovar)

- Igreja Matriz de Cortegaça (Ovar)

 

A industrialização dos Azulejos

Na segunda metade do século XIX, apareceram várias fábricas dedicadas à produção de azulejos, sendo as mais famosas a Fábrica Viúva Lamego em Lisboa, que ainda existe e labora, a Fábrica de Cerâmica de Jerónimo Pereira Campos em Aveiro, a Fábrica de Santo António do Vale da Piedade, em Vila nova de Gaia, a Fábrica de Massarelos, também em V.N. de Gaia, a Fábrica de Cerâmica das Devesas, ainda de V.N. de Gaia e a Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, no Porto.

 

Os azulejos no século XX

Já em pleno século XX, vários artistas dedicaram-se à azulejaria e alguns ficaram famosos pelas suas obras, sendo os mais conhecidos e destacados os artistas Rafael Bordalo Pinheiro, Jorge Barradas, Júlio Resende, Júlio Pomar e Eduardo Nery.

Museu Nacional do Azulejo

Preservação e Impacto Cultural

A preservação dos azulejos portugueses tornou-se uma prioridade cultural. Muitos esforços foram direcionados para restaurar e conservar essas peças históricas, garantindo a sua apreciação pelas gerações futuras. Organizações e museus dedicam-se a promover a importância desses azulejos como patrimônio cultural único de Portugal, sendo de destacar o Museu Nacional do Azulejo, criado em 1980 e situado na Rua Madre de Deus em Lisboa, o museu dá a conhecer a história do Azulejo em Portugal e que recebe inúmeros visitantes nacionais e estrangeiros.

Além de sua importância histórica, os azulejos desempenham hoje um papel muito importante no turismo português. Visitantes do mundo inteiro ficam maravilhados com a beleza e a singularidade dessas obras de arte, contribuindo para a o desenvolvimento da cultura e economia local e nacional.

Os azulejos portugueses são muito mais do que simples elementos decorativos; são testemunhos vivos da rica história e da excelência artística do país. A sua técnica única, variedade de estilos e impacto cultural continuam a encantar e inspirar pessoas em todo o mundo.

Ao visitar e apreciar essas peças estamos a ajudar na sua preservação e a manter viva a herança cultural de Portugal e em particular a maestria artística da azulejaria portuguesa que atravessa gerações.